
A nossa aversão ao planejamento é cultural e está presente tanto na esfera pessoal quanto na institucional. A preferência nacional é abordar os problemas sem método, confiando que, ao final, o jeitinho brasileiro resolverá tudo.
Repare a foto acima, um espaço projetado pelo arquiteto carioca Marcelo Rosembaum, publicado no jornal O Globo: a tv está de frente para a janela e os assentos estão na lateral.
Outro exemplo dessa postura, digamos, alegre e descontraída, que prefere enfeitar e dourar a pílula ao invés de planejar, está no jornal O Estado de São Paulo de hoje, que revela a devolução pelo governo federal, de US$ 57 milhões ao BID, pois não conseguiu gastar.
Por Lisandra Paraguassú, no Estadão:
Apesar de o País ter 47,5 milhões de brasileiros sem acesso a coleta de esgoto e 19 milhões viverem sem água tratada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu na semana passada devolver R$ 134 milhões (US$ 57 milhões) ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e acabar com o Programa de Ação Social em Saneamento (PASS). Assinado em 2004, o contrato de financiamento previa - com a contrapartida do Orçamento brasileiro - investimentos totais de R$ 224,4 milhões (US$ 95,5 milhões) para atender 129 municípios. Em quatro anos o governo conseguiu usar o dinheiro do BID em uma única cidade, Limoeiro do Norte (CE), e realizar licitações em apenas outras duas.A história do fim do PASS e a devolução do empréstimo tomado no BID mede bem a distância entre as metas estabelecidas pelos governos e os objetivos efetivamente alcançados. É também um retrato do funcionamento precário da burocracia que não consegue viabilizar os investimentos públicos, mas está renovando as promessas de, com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), redimir o País nas áreas de habitação e saneamento. Os R$ 224,4 milhões do PASS eram para obras de esgoto e tratamento de água e, também, para estruturar empresas de gerenciamento, fiscalização e manutenção nos municípios.Um ano foi gasto para que a União realizasse licitação para a contratação de empresa que iria gerenciar o programa, uma exigência do BID. Em 2006 começou a seleção dos municípios - que precisariam ter entre 15 mil e 75 mil habitantes, estarem localizados nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, no Espírito Santo ou norte de Minas Gerais e ter baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mas 2007 foi gasto em um debate sobre manter o programa independente ou vinculá-lo ao PAC.
Sérgio,
ResponderExcluirTudo q a Lisandra escreveu tá certo, concordo. Porém, talvez não seja apenas culpa do governo Lula.
Há pouco tempo tivemos aí mesmo em Itaúna um bom exemplo de como a politicagem, aliada à burocracia ineficiente e a passividade da população, fez com que recursos importantes para obras tb importantes para o município fossem desprezados. É o caso do tal anel de gravidade do SAAE, cuja verba (garantida e só esperando o aval da Câmara) para sua troca (ou manutenção, não me lembro) foi simplesmente esnobada pelos vereadores de oposição que votaram contra, por motivos que só eles sabem quais, prejudicando uma população inteira.
Assim como aconteceu em Itaúna pode muito bem ter acontecido em centenas de outras cidades pelo Brasil afora. Se os próprios municípios não querem o dinheiro, não resta ao governo Lula outra alternativa a não ser devolvê-lo ao BID.
Pior seria guardá-lo na cueca...hehehehe
É apenas minha humilde opinião, não a levem em consideração. Com certeza estarei errado.
Abçs
Ricardo Faria
Ora, Ricardo: a opinião de um arquiteto é sempre digna de consideração. O que vc aponta, reforça a percepção de que vivemos sob o império das conveniências do momento e nunca estamos comprometidos com projetos, não é?
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